Moema

Moema
Moema - Rodolfo Bernardelli

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"Ninho de passarinho que não voa...é na boca do gato" Filósofo Badeco

Ninho de passarinho por Colí
Prá que voar, se tenho asas?                                                                                                       

domingo, 16 de outubro de 2011

Centaura

Centaura por Coli
 Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida...
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida...

Cora Cora Cora... Linda

sábado, 24 de setembro de 2011

Saudade

Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

Augusto dos Anjos

domingo, 3 de julho de 2011

Do grande poeta da terra mãe

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
 
Se lá no assento etério, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
 
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te;


Roga a Deus que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
-- Luiz de Camões (ca. 1560)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

 
Florbela Espanca

Desejos vãos

Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz imensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até a morte!

Mas o Mar também chora de tristeza ...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!

E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras ... essas ... pisa-as toda a gente! ...

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"

segunda-feira, 21 de março de 2011

Quem me dera

    Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
     Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
     E que para de onde veio volta depois
     Quase à noitinha pela mesma estrada.

     Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
     A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
     Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
     E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.

                                                                             Alberto Caieiro

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Uma pequena história de um clássico chamamé


Merceditas, La Leyenda que Palpita

"Mercedes Strickler Khalov, morreu aos 84 anos no dia 8 de julho de 2001. Terminou seus dias solteira e com muitos problemas econômicos. Faleceu na sala de Oncologia do 'Hospital Esperanz'a de Santa Fé."

Assim dizia a crônica jornalística quando a Argentina celebrava o dia da Independência Nacional, cinco anos atrás. Se foi a musa inspiradora de um dos maiores Hinos de Paixão já escritos. "Era de uma beleza como poucas, grandes olhos azuis transparentes, cabelo loiro como o trigal e de uma personalidade segura e livre, com fortes raízes em sua terra..."

E assim nasceu MERCEDITAS, la "leyenda que palpita". Executada e escutada até hoje em diversas partes do mundo.

Contam que Ramón Sixto Ríos chegou a Humboldt (província de Santa Fé) como guitarrista de uma companhia teatral. Uma noite foi a um baile no 'Salón Sarmiento', onde havia muita gente, porém ficou deslumbrado por uma 'gringuita' de vestido branco.

Tudo começou com uma profunda amizade que se transformou em amor puro. Ríos, teve que voltar para Buenos Aires, porém a promessa de continuar a relação por carta. Depois de 6 meses, retorna a Santa Fé para pedir Mercedes em casamento. Ela contava com a aprovação dos pais, porém não aceitou o convite.

Meses depois a jovem estava em casa escutando rádio, quando começou a tocar um lindo chamamé que lhe chamou a atenção. Em seguida, ficou surpresa por notar frases que Ríos havia dito a ela pessoalmente.

Ramón Sixto Ríos se casou com outra mulher, ficou viúvo e voltou a pedir em casamento a musa da sua canção mais célebre. Ela, novamente disse que não.

Esta história de encontros e desencontros, deixou o sabor amargo de um amor impossível a Ríos. Para Mercedes, a proposta de um homem que quis entregar seu coração e a nós uma das melodias mais belas. Passam os anos, porém a história renasce quando escutamos MERCEDITAS.

Merceditas é um dos chamamés mais executados no Brasil. São incontáveis os grupos e cantores (mesmo de outros ritmos) que gravaram e interpretam este lindo chamamé em suas apresentações, tanto na versão em português e espanhol. "Merceditas, la leyenda que palpita".


¡Qué dulce encanto tiene
en mi recuerdo, Merceditas,
aromada florecita,
amor mío de una vez!

La conocí en el campo,
allí muy lejos, una tarde,
donde crecen los trigales,
provincia de Santa Fe.

Así nació nuestro querer,
con ilusión, con mucha fe.
Pero no sé por qué la flor
se marchitó y muriendo fue.

Y amándola con loco amor,
así llegué a comprender,
lo que es sufrir, lo que es querer;
porque le dí mi corazón.

Como una queja errante
en la campiña va flotando
el eco vago de mi canto,
recordando aquel amor.

Pero, a pesar del tiempo
transcurrido, es Merceditas
la leyenda que palpita,
en mi nostálgica canción.

Así nació nuestro querer,
con ilusión, con mucha fe.
Pero no sé, por qué la flor
se marchitó y muriendo fue.

Y amándola con loco amor,
así llegué a comprender,
lo que es sufrir, lo que es querer;
porque le dí mi corazón.


--- em português

Que doce encanto traz a minha lembrança
Mercedita, minha flor a mais bonita
Que uma vez tanto amei
A conheci no campo há muito tempo
Numa tarde onde crescem os trigais
Província de Santa Fe;

E assim nasceu nosso querer
Com ilusão com muita fé
Mais eu não sei porque a flor
Foi murchando até morrer

E amando-lhe com louco amor
Assim cheguei a compreender
O que é querer o que é sofrer
Por ter lhe dado o coração

E como vento errante nas poçilhas
Vai sobrando um eco vago do meu canto
Vai lembrando aquele amor
Mas apesar do tempo já passado
És Mercedita a lembrança que palpita
Na minha triste canção

Extraido do site: www.chamame.com.br

"Merceditas" - Yamandu Costa+Renato Borghetti+Guto Wirtti+Arthur Bonilha

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Augusto dos Anjos

                Vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.


Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.


Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...
 
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

domingo, 30 de janeiro de 2011

  James Dewar - Bass, Vocals
  Reg Isidore - Drums
  Robin Trower - Guitar
Para baixar:
http://www.megaupload.com/?d=5CNCZZTH

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O fluir e o Fruir

Não existe Arte só na cabeça...

Toda verdadeira Arte é uma expressão da Alma. As formas externas se valorizam, apenas enquanto são as manifestações do Espírito interior do homem... As produções da Arte humana são valiosas apenas como meio para a auto-realização da Alma. (Gandhi).

Não existe Arte só na cabeça. Enquanto estamos presos no plano mental, só gastamos energias. Remoemos idéias curtas e inconsistentes. Não chegamos a lugar nenhum.

Para a semente se realizar como Árvore, é preciso romper o invólucro. Desafiar o desconhecido. Mergulhar nas entranhas da Terra. Noite escura, mas definitiva, indispensável. Sair de seu sono latente, cômodo e acreditar. Mesmo sem saber o que a espera lá fora.

Assim é o ser humano. Se não ousamos, jamais saberemos de nossos potenciais. Se não nos entregamos, superando nossos medos e nossa lógica pequena, como a manifestação artística se revelar? O fazer artístico é como o ritual da Oração. É preciso iniciativa própria, reverência, coragem e desapego...

Arte e Vida. Não tem como separá-las. Negar isto é tornar a existência fragmentada e enfadonha. É violentar uma necessidade inerente a todo ser humano. Ao Arte Educador cabe, através de uma sensibilização ímpar, criar as condições básicas para que o aprendiz possa por si; se auto-educar, ordenando seu “pensar, sentir e querer”; em uma direção onde todas as potencialidades do Ser possam fluir naturalmente.

Estes três pilares: Pensar, sentir e querer, quando em harmonia facilitam nossa vivência de estar no mundo, possibilitando em nós o despertar de valores defasados, adormecidos, esquecidos e a oportunidade para desenvolvê-los com segurança em nosso próprio benefício e favorecendo com isto, o equilíbrio de uma sociedade mais fraterna, sadia.

Disciplina, atenção, perseverança, determinação e acima de tudo, paciência. Muita paciência. São qualidades que o Arte Educador precisa exercitar a cada momento. São atributos da natureza humana de uma grandeza inquestionável. Sem eles nos tornamos máquinas programadas. Fantoches ambulantes sem Luz própria. Personagens de uma comédia amarga, sem cor e indecorosa.

A finalidade do ensino de artes, não é dar fórmulas prontas, entregar à criança um roteiro rígido e já definido, mas sim acender no aprendiz a iniciativa própria, o interesse pela pesquisa, a capacidade de encarar desafios e superar seus próprios limites. Encontrar novas soluções e começar de novo se preciso for. Por quê? Porque assim é a Vida...

Sendo assim, não se trata simplesmente de uma aprendizagem de técnicas, repetição de receitas padronizadas, vírus do modismo, mas sim o exercício saudável de vivenciar as coisas na sua essência. Jamais subestimar o potencial criativo do ser humano.

Provocar as condições necessárias para que o educando por si, seja senhor de suas próprias idéias, lutar , acreditar e investir nelas. Vivenciar as experiências e deixar que elas se incorporem naturalmente na consciência de cada um.

Tudo o que existe aqui neste planeta, as coisas que conhecemos ou ainda desconhecidas, são “portas”, que sabendo utilizá-las com inteligência, abrem-se e facilitam nossa evolução, física, mental e espiritual. Ao Arte Educador compete a responsabilidade de saber conduzir com consciência amorosa, a criança num processo gradual, a adquirir novos conhecimentos intuitivos, lógicos e verdadeiros.

É como afirma o músico e escritor Sthephen Nachmanovitch em seu Livro: “Ser Criativo”, ao falar sobre criatividade:

“Para criar temos que desaparecer. Maravilhoso vazio, porque apenas quando estamos vazios, sem qualquer distração e livres do diálogo interior, podemos responder intuitivamente à visão, ao som, ao sentimento do trabalho que está diante de nós”... (NACHMANOVITCH, Stephen. Ser Criativo: O poder da improvisação na vida e na Arte. 2 edição. Summus Editorial. São Paulo. 1993.186 p.)


Ao exercitar os processos criativos é importante esvaziar-se. Estar atento ao que acontece ao nosso redor. Não impor nenhuma idéia sobre o que quer realizar, mas sim cultivar um estado de silêncio interior, de empatia com o ambiente presente, com todos os objetos, os elementos plásticos a serem pesquisados, de tal forma que esta interação permita o acontecer espontâneo da Criação.

Fugir de imagens estereotipadas. Toda a criação deve fluir de dentro para fora. Ao elaborar as idéias, buscar estas imagens dentro de nós mesmos, na relação mútua entre nosso universo interior e o mundo exterior...

A Arte por sua natureza ultrapassa todos os espaços concebíveis. Não é coerente um ensino das modalidades artísticas, limitado somente ao espaço físico de uma sala de aula, de um atelier. Ela está em todos os lugares. É a manifestação sublime da própria Vida. Sendo assim é de suma importância dar à criança, respeitando sua faixa etária, o direito de participar e aprender, interagindo com suas dimensões internas e os valores culturais inerentes à comunidade da qual faz parte.

Criatividade não é forçar a barra, também não é magia, milagre. Não é força bruta, é sensibilidade, atenção, associação de idéias, o fluir e o fruir da intuição. È saber apreender a linguagem dos acontecimentos. Dar um tempo para cada coisa acontecer naturalmente. Maturação com ciência de causa.

Não é querer ir resolvendo logo os problemas e apresentar a solução final. Essas atitudes nada mais são, de que gestos mecânicos de quem ainda não encontrou o equilíbrio necessário para resolver em harmonia e ponderação, as circunstâncias da Vida.

É saber identificar cada situação. Interagir e transformar estes momentos num desafio positivo onde o aprendiz, possa redescobrir sua história pessoal.. Tomar consciência de novas possibilidades, perceber a si próprio e sua conduta, diante de situações que são “pérolas”, verdadeiros tesouros para nossa evolução interior.


JBConrado é Arte Educador, Arteterapeuta, Artista Plástico... Escreve quando o Universo requisita e o Coração ameaça sair do peito

Web site: www.ayruman.com.br
e-mail: ayruman_artes@brturbo.com.br

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011



Escultura de uma família com três filhos foi a base da abertura de Insensato Coração (Foto: Divulgação TV Globo)

Nova novela das nove da Globo, Insensato Coração  tem como base de sua trama as relações famíliares. Inspirado neste tema, Hans Donner conta que criou o conceito da abertura da novela a partir da escultura de um artista africano.
A pergunta é:   qual o nome dele?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Do livro "O ANEL DE AMETISTA" De Anatole France

Os homens animados por uma fé comum nada têm feito mais depressa senão exterminar aqueles que pensam de modo diferente, sobretudo quando a diferença é muito pequena

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Nos jardins de Epicuro

Um dos mais modernos pensadores da antiguidade grega, Epicuro (341-270 a.C.) foi um caso raro de sofisticação filosófica e sabedoria de vida. Na verdade, na Grécia antiga os estudantes mudavam de escola para escola à procura da melhor — mas quando descobriam os jardins de Epicuro, não voltavam a mudar. Ler directamente os seus escritos permite-nos compreender porquê: a sua tranquila racionalidade e sensatez, a sofisticação da sua argumentação, que todavia consegue transmitir de forma simples, são ingredientes que não é fácil encontrar noutros filósofos.

Epicuro defendia uma vida de prazeres simples, mas não simplistas; era materialista e atomista; e procurava mostrar que a ansiedade torna as pessoas miseráveis, não havendo razões para cair nessa armadilha. Hoje em dia, a nova "psicologia positiva", que procura determinar como se pode viver feliz, defende ideias semelhantes — mas hoje é preciso chamar-lhe "a ciência da felicidade", para lhe dar um ar sério. A "Carta a Meneceu" (agora reeditada em Portugal, com o título Carta Sobre a Felicidade) é uma das mais citadas; nela, Epicuro defende que a morte não deve provocar-nos ansiedade precisamente porque depois de mortos nós não existimos e enquanto estivermos vivos, não estamos mortos.

Devemos também a Epicuro uma das primeiras formulações do problema do mal: se os deuses são omnipotentes e bons e sábios, por que razão há tanto mal no mundo? Epicuro defendia que os deuses, se existem, se estão nas tintas para nós e portanto não vale a pena estarmos nós preocupados com eles.

Estritamente materialista, Epicuro destacou-se pela tolerância cognitiva e pela recusa de dogmatismo. Os seus escritos sobre astronomia, por exemplo, ou sobre outros fenómenos físicos, exploram as diferentes teorias da altura, mas sem se comprometer dogmaticamente com nenhuma: argumenta que em muitos casos não se sabe pura e simplesmente como as coisas realmente são.

A filosofia do período helenístico tem conhecido uma profusão de estudos recentes que rejeitam a ideia de que os pontos altos da filosofia grega foram Platão e Aristóteles. Este livrinho é um bom ponto de partida para a aventura de descobrir a imensa riqueza da filosofia grega do período helenístico.