Não existe Arte só na cabeça... 
Toda verdadeira Arte é uma expressão da Alma. As formas externas se  valorizam, apenas enquanto são as manifestações do Espírito interior do  homem... As produções da Arte humana são valiosas apenas como meio para a  auto-realização da Alma.    (Gandhi).
Não existe Arte só na cabeça.  Enquanto estamos presos no plano mental,  só gastamos energias.  Remoemos idéias curtas e inconsistentes. Não  chegamos a lugar nenhum. 
Para a semente se realizar como Árvore, é preciso romper o invólucro.  Desafiar o desconhecido. Mergulhar nas entranhas da Terra. Noite escura,  mas definitiva, indispensável. Sair de seu sono latente, cômodo e  acreditar. Mesmo sem saber o que a espera lá fora.
Assim é o ser humano. Se não ousamos, jamais saberemos de nossos  potenciais. Se não nos entregamos, superando nossos medos e nossa lógica  pequena, como a manifestação artística se revelar? O fazer artístico é  como o ritual da Oração. É preciso iniciativa própria, reverência,  coragem e desapego... 
Arte e Vida. Não tem como separá-las. Negar isto é tornar a existência  fragmentada e enfadonha. É violentar uma necessidade inerente a todo ser  humano. Ao Arte Educador cabe, através de uma sensibilização ímpar,  criar as condições básicas para que o aprendiz possa por si; se  auto-educar, ordenando seu “pensar, sentir e querer”; em uma direção  onde todas as potencialidades do Ser possam fluir naturalmente. 
Estes três pilares: Pensar, sentir e querer, quando em harmonia  facilitam nossa vivência de estar no mundo, possibilitando em nós o  despertar de valores defasados, adormecidos, esquecidos e a oportunidade  para desenvolvê-los com segurança em nosso próprio benefício e  favorecendo com isto, o equilíbrio de uma sociedade mais fraterna,  sadia.
Disciplina, atenção, perseverança, determinação e acima de tudo,  paciência. Muita paciência. São qualidades que o Arte Educador precisa  exercitar a cada momento. São atributos da natureza humana de uma  grandeza inquestionável. Sem eles nos tornamos máquinas programadas.  Fantoches ambulantes sem Luz própria. Personagens de uma comédia amarga,  sem cor e indecorosa.
A finalidade do ensino de artes, não é dar fórmulas prontas, entregar à  criança um roteiro rígido e já definido, mas sim acender no aprendiz a  iniciativa própria, o interesse pela pesquisa, a capacidade de encarar  desafios e superar seus próprios limites. Encontrar novas soluções e  começar de novo se preciso for. Por quê? Porque assim é a Vida... 
Sendo assim, não se trata simplesmente de uma aprendizagem de técnicas,  repetição de receitas padronizadas, vírus do modismo, mas sim o  exercício saudável de vivenciar as coisas na sua essência. Jamais  subestimar o potencial criativo do ser humano. 
Provocar as condições necessárias para que o educando por si, seja  senhor de suas próprias idéias, lutar , acreditar e investir nelas.  Vivenciar as experiências e deixar que elas se incorporem naturalmente  na consciência de cada um.           
Tudo o que existe aqui neste planeta, as coisas que conhecemos ou ainda  desconhecidas, são “portas”, que sabendo utilizá-las com inteligência,  abrem-se e facilitam nossa evolução, física, mental e espiritual. Ao  Arte Educador compete a responsabilidade de saber conduzir com  consciência amorosa, a criança num processo gradual, a adquirir novos  conhecimentos intuitivos, lógicos e verdadeiros.  
É como afirma o músico e escritor Sthephen Nachmanovitch em seu Livro: “Ser Criativo”, ao falar sobre criatividade:
“Para criar temos que desaparecer. Maravilhoso vazio, porque apenas  quando estamos vazios, sem qualquer distração e livres do diálogo  interior, podemos responder intuitivamente à visão, ao som, ao  sentimento do trabalho que está diante de nós”... (NACHMANOVITCH,  Stephen. Ser Criativo: O poder da improvisação na vida e na Arte. 2  edição. Summus Editorial.  São Paulo. 1993.186 p.)
Ao exercitar os processos criativos é importante esvaziar-se. Estar  atento ao que acontece ao nosso redor. Não impor nenhuma idéia sobre o  que quer realizar, mas sim cultivar um estado de silêncio interior, de  empatia com o ambiente presente, com todos os objetos, os elementos  plásticos a serem pesquisados, de tal forma que esta interação permita o  acontecer espontâneo da Criação. 
Fugir de imagens estereotipadas. Toda a criação deve fluir de dentro  para fora. Ao elaborar as idéias, buscar estas imagens dentro de nós  mesmos, na relação mútua entre nosso universo interior e o mundo  exterior... 
A Arte por sua natureza ultrapassa todos os espaços concebíveis. Não é  coerente um ensino das modalidades artísticas, limitado somente ao  espaço físico de uma sala de aula, de um atelier. Ela está em todos os  lugares. É a manifestação sublime da própria Vida. Sendo assim é de suma  importância dar à criança, respeitando sua faixa etária, o direito de  participar e aprender, interagindo com suas dimensões internas e os  valores culturais inerentes à comunidade da qual faz parte. 
Criatividade não é forçar a barra, também não é magia, milagre. Não é  força bruta, é sensibilidade, atenção, associação de idéias, o fluir e o  fruir da intuição. È saber apreender a linguagem dos acontecimentos.  Dar um tempo para cada coisa acontecer naturalmente. Maturação com  ciência de causa.
Não é querer ir resolvendo logo os problemas e apresentar a solução  final. Essas atitudes nada mais são, de que gestos mecânicos de quem  ainda não encontrou o equilíbrio necessário para resolver em harmonia e  ponderação, as circunstâncias da Vida. 
É saber identificar cada situação. Interagir e transformar estes  momentos num desafio positivo onde o aprendiz, possa redescobrir sua  história pessoal.. Tomar consciência de novas possibilidades, perceber a  si próprio e sua conduta, diante de situações que são “pérolas”,  verdadeiros tesouros para nossa evolução interior.
JBConrado é  Arte Educador, Arteterapeuta, Artista Plástico...  Escreve quando o Universo requisita e o Coração ameaça sair do peito 
Web site: www.ayruman.com.br
e-mail:  ayruman_artes@brturbo.com.br 
 
 
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